segunda-feira, 26 de março de 2012

PCB: 90 anos




Há 90 anos, uma reunião em Niterói (RJ) com as 9 pessoas que aparecem na foto acima fundava o PCB, Partido Comunista do Brasil. Um sério racha interno faria com que em 1962, há exatos 50 anos, a sigla e o nome se tornassem partidos diferentes. O PCB tornou-se Partido Comunista Brasileiro, enquanto o Partido Comunista do Brasil ficou conhecido a partir de então como PC do B. Por conta da efeméride da data, você pode encontrar na internet por esses dias várias reportagens e depoimentos sobre este acontecimento. Um deles é a reportagem do Sul21. Siga o link caso deseje um pouco mais de informações.
Este post é uma singela homenagem a todos aqueles que ao longo destes 90 anos, apesar de vários erros e equívocos, mantiveram acesa a chama do socialismo no Brasil. E antes que você pergunte, não, eu pessoalmente nunca fui um quadro do PC. Quando tinha idade para começar a me interessar por política, o PT estava em seu início e arrebatava e encantava quase toda a juventude na década de 80. Além disso, sempre achei incompreensível como alguém podia considerar seriamente a Albânia o "farol do socialismo" como o PC do B fazia nesta época. Hmm, estou desviando do assunto.



Como disse antes, independente de erros ou diferenças de interpretação da história, do marxismo e mais um monte de coisas, é a história do movimento operário brasileiro e do marxismo no Brasil que deve ser homenageada: e o PCB tem um papel tremendamente importante nisto. Este post também é uma homenagem àqueles militantes históricos que não aceitaram a decisão de Roberto Freire de acabar com o PCB e refundá-lo como PPS em 1992 (mais uma data que termina em dois: agora são 20 anos!). Como sabemos, o PPS transformou-se numa sigla auxiliar da direita (apoiou o José Serra para presidente!). Mas muitos se recusaram a segui-lo e apesar de todas as dificuldades, mantiveram o registro do PCB. Na época, ainda morando em São Paulo, participei de muitas reuniões em solidariedade ao velho Partido e até assinei para ajudar a reunir o número mínimo de assinaturas para o Partido continuar a existir. Aliás, atitude que tomei novamente na época da criação do PSOL. Não sou nem me sinto integrante do PCB ou do PSOL. Mas acredito que deve haver espaço para partidos de esquerda entre outras razões, para fazer o PT pelo menos se lembrar que um dia o socialismo já fez parte de seu programa partidário.

Em resumo, obrigado a todos que lutaram sinceramente pelo socialismo nestes 90 anos.

2 comentários:

  1. Hum, hum sei...e a homenagem é exatamente para que? Por aqueles que ainda não desistiram, e, portanto, ainda acreditam? E o conteúdo da persistente crença, é o que afinal? Ela também está sendo homenageada? Dorme um reacionarismo insuspeito nisso tudo. Pois, os viúvos da história só possuem um desejo guardado numa suposta consciência desta história QUE NÃO É VERDADEIRA. Duas palavras precisam ser despidas cuidadosamente desta mitologia chorosa: COMUNISMO E REVOLUÇÃO.
    Peace and Soul
    Al

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    1. Pois é... relendo o que escrevi, aceito a crítica. Isto posto, uma tentativa de esclarecimento:
      a) Em alguns momentos, o post ficou bem piegas, o que deve ter provocado alguns engulhos em Al. Mas, apesar de parecer (ou ter dado margem a esta interpretação) a intenção não era homenagear "os que ainda acreditam". A homenagem não é a uma crença, o que seria sem dúvida uma das coisas mais idiotas que eu estaria fazendo na vida.
      b) Petistas tem certa tendência de interpretar os fatos como se o movimento operário só valesse a partir de 1980 quando da fundação do partido. Lembrar que a esquerda não começa no Brasil com o PT foi uma das motivações do post. A história é bem mais complexa do que isso.
      c) a homenagem é para pessoas - que não são nomeadas entre outras razões pela impossibilidade de lembrar de todos - que ajudaram/contribuíram para a existência de um movimento dos trabalhadores no Brasil, além daqueles que trouxeram/divulgaram Marx no país. É isso. E muitos permaneceram anônimos, por sinal.
      d) provavelmente, um dos principais problemas do que escrevi se refere ao fato de que ao não nomear ninguém, parece que estou homenageando um bando de stalinistas malucos que na verdade mais contribuíram para a "má fama" da esquerda do que qualquer outra coisa. Na homenagem que me referi no item anterior, deve ser lembrado que ninguém está sendo santificado; homenagear não deve significar esconder equívocos, fraquezas e contradições, mas aplaudir pessoas que, com todas suas contradições, contribuíram para algo relevante.
      e) em parte, não estaríamos aqui discutindo isto se algumas (muitas?) pessoas não tivessem contribuído para a existência de uma discussão deste tipo nos dias de hoje. Esta deve ser a homenagem

      P.S.: Al faz um dos melhores hamburgueres de São Paulo, além de ter uma belíssima coleção de pimentas! Alvíssaras!

      Mario Lahorgue

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