quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Trilha sonora para uma revolução

Neste momento em que as leis e políticas de cotas nas Universidades públicas brasileiras causam reações e urticária em muita gente, vale a pena ver este documentário sobre a luta pelos direitos civis nos EUA durante os anos 60. Entre outras coisas, para lembrar que as tais "liberdade" e "democracia" se conquistam, não são dadas. 

E, não posso deixar de mencionar, a trilha sonora é belíssima.

Então, Soudtrack for a revolution:



sábado, 18 de agosto de 2012

I fought the law


THE CLASH:

"Breakin' rocks in the hot sun

I fought the law and the law won
I needed money 'cause I had none
I fought the law and the law won"


Não, não acordei exatamente de bom humor. Então, está na hora de um clássico do inconformismo.

"Revolution Rock, i am in a state of shock"
E a capa... poucas transmitem tanta energia:


É isso.

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Sobre a Greve: nota rápida



Se for permitido escolher um exemplo fora da esfera da produção material, então um mestre-escola é um trabalhador produtivo se ele não apenas trabalha as cabeças das crianças, mas extenua a si mesmo para enriquecer o empresário. O fato de que este último tenha investido seu capital numa fábrica de ensinar, em vez de numa fábrica de salsichas, não altera nada na relação. (Karl Marx, O Capital, cap. XIV do Livro I)

Desde que a Greve dos Professores das Universidades Federais começou, um coisa me espanta e outra incomoda. Melhor dizendo, continua a me espantar, pois na verdade são coisas que se repetem há anos.

a) Quando se fala genericamente de educação, todos - praticamente sem exceção - dizem que os professores e a educação devem ser valorizados, que é um absurdo no Brasil isto não acontecer e blá, blá, blá. Mas aí as Universidades Federais entram em greve, o Governo maquiavelicamente divulga uma proposta de reajuste que dá a entender que agora os Professores vão ganhar muito bem e… o que nos temos? Uma enorme quantidade de gente reclamando que os Professores das Federais não passam de uns privilegiados que nem deveriam pensar em greve, pois afinal, já ganham mais do que outros professores. Para completar vem o clássico: "ganham muito mais que os professores das escolas estaduais, um absurdo!" ; "Como é que eles podem reclamar?" ; "deveria se privilegiar o ensino primário e médio" , etc. etc.

O que tem de errado nisto tudo? Seguindo o raciocínio, a contradição é evidente com a conversa inicial de "valorizar a educação". Pois estão afirmando que não só o Professor deve ganhar pouco, mas que como o ensino público primário e secundário tem problemas, as Universidades Federais não deveriam ser boas! Que ganhar um salário minimamente digno é uma afronta às outras categorias, tanto de Professores quanto de outras profissões. Ora, é exatamente o contrário: o fato de as Universidades públicas terem um bom nível deve servir de prova que é possível sim haver ensino público de qualidade. Além do mais, não é só uma questão de luta pela educação: a luta deve ser, entre outras coisas, por uma melhor distribuição da riqueza gerada neste país. Aumentar os salários dos trabalhadores, qualquer que sejam eles, tem este efeito. Salários dignos significam melhor distribuição de renda, significam sinalizar para a sociedade que se está valorizando quem trabalha, não quem vive de renda (como é hoje em dia).

Professor Universitário ganhando bem é uma sinalização para outras categorias de professores que é possível sim valorizar a educação. E antes que alguém reclame: não, não dá para usar como justificativa contrária a um reajuste digno o fato - verdadeiro - que existem maus professores. Não se combate maus professores punindo toda uma categoria com baixos salários. É impressionante como se usa isto como desculpa. Aliás, é a mesma desculpa esfarrapada que é usada para não apoiar a construção de moradias populares dignas. O que se diz mesmo? "O Governo constrói casa, dá para estes pobres e eles vendem e voltam a morar na favela". Existem casos como estes? Sim, mas 99% das pessoas que estão nos diversos programas existentes de moradias populares não fazem isso. Com os professores é a mesma coisa: a grande maioria quase se mata trabalhando e isto é que é o errado. Errado não é Professor de Universidade Federal ter menos turmas que outras categorias de Professores. Rotundamente errado é o professor primário/secundário ter que se submeter a dar 60 horas semanais (e existem vários casos assim) para ganhar um salário próximo ao que os Professores Universitários ganham.

Em outras palavras: a luta é para aumentar o salário e melhorar as condições de trabalho de todos - professores e outros profissionais assalariados -, e não ficar reclamando que os que conseguem ganhar um pouquinho melhor deveriam ganhar menos e não entrar em greve (porque é isto, como já disse antes, que se está afirmando).

b) No que me incomoda, pergunta rápida: Por que a Pós-Graduação quase nunca entra em greve? Por que os mais atingidos pelas paralisações são sempre os alunos de graduação? O sistema de Pós por acaso está uma maravilha? Sempre se fala que "o bolsista de pós não pode ser prejudicado, pois sua bolsa não tem prorrogação". Ok, mas por que raciocínios parecidos não servem para a graduação? 


Resposta também rápida: na Pós-Graduação, o produtivismo venceu.