terça-feira, 15 de abril de 2014

Maria da Conceição Tavares

É possível discordar de algumas de suas posições, mas é impossível ficar indiferente. Mesmo quando está pessimista, ler seus textos ou ouvi-la falando é uma injeção de ânimo, no sentido de que ela ainda, no alto de seus 84 anos, consegue sacudir a poeira da indigência de muito dos debates e polêmicas atuais.

O texto completo, você encontra aqui.

Algumas passagens:

"Neste sentido, o século XXI se parece com o século XIX. Este desarranjo da coisa mundial, global... No século XIX, a Inglaterra era o império. Agora, os Estados Unidos... Também há uma contradição muito grande: um bruto desenvolvimento tecnológico, uma globalização de mercado que supera o século XIX. Mas o individualismo burguês, bem ou mal, tinha uma face progressista. O individualismo pequeno-burguês não tem face nenhuma! É uma coisa chata! É uma crise que se manifesta pela ausência, pelo vácuo e não sai daí. É um nó só. Ninguém sabe como desata!"

"Na verdade, se o PIB é “pibinho” ou não, qual o problema? Vai ser 2%, 3% ou 4%? O problema é ter emprego. Para mim, os critérios clássicos são emprego, salário mínimo e ascensão social das bases.

"Haja vista os nefastos episódios desses máscaras negras – os black blocs, esses garotos de merda –, a energia que fica é a da violência. Não sei até que ponto o povo propriamente dito precisa de utopia. Mas a classe média precisa. Não tendo, ela transforma sua mágoa em ódio. De fato, quem promove a violência não são os deserdados da terra, para quem as coisas melhoraram; são da classe média baixa. A energia só está se manifestando através da violência. Não tem energia utópica, só através da violência. Não tem utopia, só distopias. É só o aqui, agora; quero derrubar isto, derrubar aquilo. Não tem objetivo programático! É uma coisa esquisitíssima, enlouquecida: é fascistoide e anarquista ao mesmo tempo."

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