Cravos depositados na lápide de Rosa Luxemburgo em Berlim (Foto Deutsche Welle)
"Veja, justamente da história dos últimos anos e, olhando a partir dela, da história como um todo, eu aprendi que não se deve superestimar a ação de um único indivíduo. Em última análise, são as grandes forças invisíveis, plutônicas, das profundezas que agem e decidem, e se poderia dizer que no fim tudo se acomoda 'por si mesmo'. Não me entenda mal: não estou aqui expressando algum tipo de cômodo otimismo fatalista que busca disfarçar a própria impotência, coisa que tanto odeio em seu prezado marido. Não, não, estou o tempo todo a postos e na primeira oportunidade voltarei a cair com todos os dez dedos sobre o teclado do piano do mundo até fazê-lo trovejar. Mas como agora estou 'em férias' da história mundial, não por culpa minha, e sim por imposição externa, eu rio à beça, fico feliz se a coisa anda mesmo sem mim e acredito firmemente que andará bem. A história quase sempre sabe a melhor maneira de encontrar a saída justamente quando da maneira mais desesperada parece ter se metido num beco sem saída."Carta de Rosa Luxemburgo à Luise Kautsky, 15 de abril de 1917.
Publicado em: Rosa Luxemburgo: cartas: volume III. Organização de Isabel Louzeiro. São Paulo: Unesp, 2011, pág. 299.
Pequenas notas: a) Luise Kautsky foi a segunda mulher de Karl Kautsky. Rosa continuou amiga dela mesmo depois de romper politicamente com Karl. Por isso o "coisa que tanto odeio em seu prezado marido". b) "em férias da história mundial": a carta foi escrita da prisão.
Sempre melhor foi ela "A Rosa"...ela tirou férias da história mundial e eu transformei em suco biliar...asia, nem do norte nem do sul. Mais consciência menos inconscistência...quanto tempo levará para digerir o século xx? O filme (sobre ela) é sincero...os que não virão vejam...
ResponderExcluirtudo ainda está por começar.
Como tudo
de resto
nem tudo.