quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Debord sobre a cidade

Tese 174 da Sociedade do espetáculo:


"O momento presente já é o da autodestruição do meio urbano. O transbordamento das cidades para um meio rural cheio de 'massa informes de resíduos urbanos' (Lewis Mumford) é diretamente regido pelos imperativos do consumo. A ditadura do automóvel, produto-piloto da primeira fase da abundância mercantil, se enraizou no terreno com a dominação da auto-estrada, que desloca os centros antigos e comanda uma dispersão sempre mais pronunciada. Ao mesmo tempo, os momentos de reorganização inacabada do tecido urbano se polarizam passageiramente em torno de 'fábricas de distribuição' que são os hipermercados construídos em áreas afastadas, sustentados por um estacionamento; e mesmo esses templos do consumo precipitado também são empurrados pelo movimento centrífugo, que os repele à medida que os tornam centros secundários sobrecarregados, porque provocaram uma recomposição parcial da aglomeração. Mas a organização técnica do consumo está no primeiro plano da dissolução geral que levou a cidade a se consumir a si mesma."


Guy Debord: A sociedade do espetáculo. Rio de Janeiro: contraponto, 1997, pág. 115. (o texto foi publicado originalmente em francês em 1967)


Textos de Guy Debord e outros autores como Robert Kurz podem ser encontrados aqui. Há neste blog, inclusive, a famosa entrevista em que Henri Lefebvre fala sobre Debord e a Internacional Situacionista.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe seu comentário aqui. Lembre-se: mensagens ofensivas e trollagens podem ser sumariamente apagadas.